Equilíbrio...
- Eu sei como sou! - disse-me ela com toda a certeza do mundo.
- Tens 33 anos e sabes como és? Que sortuda! - disse-lhe eu. Olhou-me, fixamente, sem saber bem o que aquelas palavras queriam dizer.
Só sabemos, muito bem, quem somos quando somos "obrigadas" a fazer o que não queremos. Saber viver é uma arte que se aprende com a vida, ou melhor, com a parte difícil da vida. Precisamos de ouvir muitos "nãos" para presistir nos "sins". E dói, arde ser contrariada. Depois da dor vem a negação. Lutamos, esperniamos, enfrentamos. A aceitação é inevitável. A primeira vez é sempre difícil. Aprendemos, verdadeiramente, quais as batalhas que devemos travar para ganhar a guerra. Conhecemos-nos mais um pouco e até nos espantamos: como é que eu não sabia que era capaz de aceitar uma situação destas? As experiências somam-se, umas atrás das outras, boas e más. As boas também contam, mas não têm tanto impacto. As más ensinam-nos o que não devemos repetir ou com quem não devemos privar. Os anos vão passando, as lágrimas vão secando, a força vai aumentando, mas temos de ter cuidado para não deixarmos de sentir. Alerta, temos de estar alerta para não perdemos o nosso interior; a paz; o amor; a alegria. Tirar só o positivo de fora para dentro, alimentar o interior.
- Não sou capaz de aceitar que ele me deixe. - as lágrimas caiam grandes e grossas pela sua face.
- Hoje não, mas amanhã aceitarás e aí, aí vais conhecer um lado teu que, hoje, não sabes que existe.
"O homem, essa criatura que aspira ao equilíbrio, compensa o peso do mal com que lhe partem a espinha, com a massa do seu ódio."