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Quando menos esperas...

Domingo, 06.10.13

 

E quando menos esperas a vida faz sentido. O sol é muito mais brilhante; o mar muito mais azul; as pessoas muito mais simpáticas; a vida é maravilhosa.

Quando menos esperas és inundada pela boa disposição depois de teres passado pelo cabo das tormentas; pelo holocausto; pelos tsunamis, e de súbito até as desgraças têm o seu encanto.

Quando menos esperas sorris por tudo e por nada; tornas-te leve, levitas, lá em cima, ao ponto de acreditar que tudo se resolve.

Quando menos esperas tudo acontece sem mexeres uma palha.

Quando menos esperas um abraço chega, curto, intenso, para sentir diferente.

E é bom quando não estás à espera e a vida te surpreende.

"Todos os dias, quando acordo, vou correndo tirar a poeira da palavra amor..."

Clarice Lispector

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publicado por caminhosdaalma às 13:35

As cores...

Domingo, 06.10.13

Quando somos novos, por volta dos vintes, temos a certeza que o mundo é nosso e que tudo pode acontecer - de bom, está claro. Ainda por essa idade - vintes-, acreditamos que iremos conhecer uma pessoa que nos irá fazer feliz para todo o sempre, compraremos uma casa, teremos os filhos que planeámos e a vida continuará a ser maravilhosa. Enfim, sonhamos bem alto. Só que às vezes, ou quase sempre, não corre como planeámos. Todas as desilusões nos modificam, nunca mais seremos os mesmos. Nunca mais. Nunca mais veremos as situações da mesma forma e o que hoje é vermelho amanhã poderá ser de outro tom de vermelho. A partir de uma determinada idade - quarentas-, temos a certeza que não temos certeza de nada. Tudo se torna complexo e ao mesmo tempo simples. O amor é tão simples que se torna complexo. Aos quarenta embora saíbamos como queremos ser amados - o que a meu ver é muito simples-, tudo se torna mais complexo porque- e aqui começa o quebra cabeças-, cada um trás uma história, uma família, uma rotina: encaixar duas vidas e muitas pessoas numa rotina só é mais difícil que subir o Everest. Vamos suavizando os tons da nossa existência e se estivermos atentos as cores são sempre mais claras, sóbrias, como a nossa paciência.

 

"Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas.."

Clarice Lispector

 

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publicado por caminhosdaalma às 12:37

A Estúpida Curiosidade...

Sexta-feira, 04.10.13


Ontem estava sossegada, o que é raro, com a cabeça cheia de palavras a falarem umas com as outras, tentando organizá-las por prioridades, quando um telefonema, inesperado, completamente inesperado, fez com que o meu cérebro, pelo menos metade dele, entrasse em coma profundo. Deixei de conseguir raciocionar. Era ele. Que raio queria ele.

Passamos a vida inteira a tentar não pensar no passado; resolver pontas soltas, criar muros altos com sinalizações visíveis a distâncias descomunais; bandeiras, sinais de stop, sinais proíbidos, limites de velocidade para, em milésimos de segundo, serem derrubados por um simples telefonema. Que raio queria ele.

Não sabia o que fazer. Talvez responder. A curiosidade, nas mulheres, principalmente nas mulheres, é a adrenalina da existência; quando atacadas pelo vírus, os niveís suportados são avassaladores, só se encontra o antídoto após verificação dos factos - todos; minuciosamente, mesmo que nos seja doloroso, mesmo que não nos traga qualquer conforto: o que acontece na maioria dos casos. 

"E se?" - esta é sempre a pergunta que paira na cabeça das mulheres infectadas. Que raio queria ele.

Durante muito tempo, para nos proteger, andamos à volta das situações para eles não se assustarem, para tentarmos saber o que vai na cabeça deste bicho homem que, também ele, é dificil de entender em alguns casos. Mas quando um telefonema nos assola de repente deixamo-nos de tretas - perdidas por cem perdidas por mil -, e abalrroamos todas as entradas e saídas, paredes e vigas: vamos directas ao assunto. Já sei o que ele quer. Não quer nada: quer apenas saber se ainda cá andamos perdidas por eles.

Mais valia estarmos quietas : sossegadas; voltamos à estaca zero - esquecer tudo, adicionando o telefonema, o arrependimento e a estupidez de ter respondido a um telefonema ainda mais estúpido.

 

"Porque o arrependimento, como o desejo, não procura analisar-se, mas sim satisfazer-se."

Marcel Proust

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publicado por caminhosdaalma às 13:09

Existem Vitórias...e Vitórias.

Quinta-feira, 26.09.13

Estava na net a fazer algumas pesquisas, mais concretamente no TEDx: comunidade internacional que organiza eventos em que os oradores falam sobre ideias e histórias pessoais. Num desses eventos uma oradora contou uma história que achei hilariante: Uma amiga estava a ver os anúncios de um jornal e na secção de venda de automóveis vinha o seguinte: Vende-se Mercedes Benz, topo de gama por 85 doláres. Incrédula ligou para o número de telefone indicado, sempre com a ideia que a pessoa se tinha enganado ou quem redigiu o anúncio tinha cometido um erro crasso. Combinou encontrar-se com a proprietária do automóvel na sua residência, apontou a morada e seguiu viagem. Tudo correu perfeitamente bem: foi bem recebida, com chá e bolos; a proprietária levou a futura detentora do automóvel à sua garagem para admirar e comprovar o impecável estado da máquina. O negócio foi feito e quando chegou à altura do pagamento, foi feita a inevitável pergunta: "O valor era estava correcto?". Ao que a senhora respondeu:


- Sim, é esse o valor. Estará a pensar porque o vendo por essa ninharia: o meu marido, com quem estou casada há 20 anos, trocou-me por uma mulher mais nova e viajou para a Florida com o seu novo amor. Ontem ligou-me e disse-me o seguinte: " Preciso de dinheiro, vende o Mercedes."


"Não existe triunfo sem perda, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício."

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publicado por caminhosdaalma às 13:05

Nada é Verdade...

Terça-feira, 24.09.13


Sempre me fez confusão, desde que tenho filhos, os miúdos terem que escolher, na minha opinião cedo demais, a área que querem seguir os estudos. Uns, a maioria, nem sequer fazem ideia que côr gostam quanto mais o que querem ser quando "forem grandes". Outros, a minoria, desde pequenos, encorajados pelas famílias ou com "queda" para esta ou aquela profissão, escrevem em letras gordas os capitulos do seu percurso de vida.

Eu não sabia o que queria ser quando era pequena. Não fazia a mais colorida ideia.

Hoje, neste país desengonçado, aqueles que escolheram uma profissão, um sonho, uma ideia colorida, não podem (de forma alguma) exercê-la, não existem condições. Então o que sonhamos, o que idealizamos, para a nossa vida futura, pode não ser o que está destinado.

Hoje mais velhos, como eu, como tu, como qualquer um de nós, voltamos a ter treze, quatorze anos, voltamos a peguntarmo-nos: o que quero eu ser, fazer, daqui para a frente?; não para ter um futuro promissor; não para me sentir realizado, não para viver um sonho: mas para sobreviver. O sonho desmorona-se. Muitos descobrem aptidões, paixões, que se revelam bençãos para a vida, mas a maioria, muito provavemente, necessita de uma ou duas sessões de terapia. No fundo chego à conclusão que passamos a vida a fazer escolhas difíceis, improváveis, dolorosas e, acima de tudo, não controlando coisa alguma. O que hoje é verdade daqui a pouco já não é.

 

"Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro."

Sigmund Freud

 

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publicado por caminhosdaalma às 11:08

Purpurinas Multicolores...

Quarta-feira, 18.09.13

- Estou aqui - dizes-me a sorrir. És alto,  eu pequena (mas com muita arrumação), doí-me o pescoço. Subo para cima do passeio e, embora continue pequena, já não estou em esforço.

- Depois de ouvir-te dizer - acabou; tudo começou a fazer sentido para mim. Não, homem de Deus, ainda não sabes o que é "fazer sentido" neste nosso mundo.

- Estou disposto a ter algo contigo - agarras cada um dos meus braços com essas tuas mãos, finas e compridas, fortes como tenazes e continuo a sentir o que tu ainda não percebeste: és capaz de mudar o meu mundo mas não sabes como. Tens dentro de ti, desse teu corpo grande, purpurinas multicolores aderentes capazes de iluminar o meu corpo pequeno e frágil. Ainda não estás aqui; ainda não te encontraste; tens de esgravatar - mais um pouco -, até as mãos doerem e as unhas se partirem.

- Deixa-me fazer à minha maneira, ainda vais ser tu a pedir para eu ficar - juntas os teus lábios aos meus e voltas a transportar-me para um lugar onde os baloiços me faziam acreditar que podia voar.

Existem, realmente existem, pessoas que não estão preparadas para estar juntas; é como uma bicicleta: aceleramos e a correia salta do sítio a cada quilómetro percorrido, acontece a qualquer um, paramos, voltamos a colocar a correia no sítio certo e mais à frente ela volta a saltar e chegamos à conclusão que o melhor é : comprar outra bicicleta .

"A renúncia é a libertação. Não querer é poder."

Fernando Pessoa

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publicado por caminhosdaalma às 10:52

A arte de Esperar...

Terça-feira, 17.09.13

O meu coração é cheio de gavetas: cada uma com a devida fechadura. Para cada gaveta: chaves diferentes. Para cada chave: voltas e mais voltas até a abertura total. Cada volta: uma história.

Conto-te, devagar (muito devagar), para entenderes como sou. As perguntas saltitam como pulgas a fugir no pêlo de um cão: escapam ao teu entendimento mas não desistes. Concentraste em cada palavra: cada explicação. Continuas a tentar iliminar, com muita paciência, cada bicho em fuga.

O teu coração é cheio de gavetas: cheias de chaves. Sorrio e penso: será que alguma dessas chaves abre este meu coração: gostava tanto de saber.

Aqui estamos, os dois: eu com vontade das voltas que me podes dar e tu, pacientemente, a matar pulgas.

"A paciência é a arte de esperar."(Marquês de Vauvenargues)

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publicado por caminhosdaalma às 11:25

Inquietação

Segunda-feira, 16.09.13

Confesso: gostei de ti. Gostei da maneira que me fazias rir; gostei da maneira que me olhavas. Gostei de gostar de ti.

Confesso: acreditei. Acreditei nas palavras que me dizias; ecoavam por mim a dentro, não se calando.

Confesso: enganei-me. 

Confesso: hoje:agora; aprendi. Por muito que alguém nos alegre, não quer dizer que nos faça feliz; por muito que alguém nos olhe, pode nem sequer nos ver; por muito que estremeçamos por dentro pode apenas ser inquietação.

Fiquei com água na boca: confesso. Ainda te salivo.

"Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras."

António Vieira

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publicado por caminhosdaalma às 00:38

O Tamanho do Sonho...

Terça-feira, 03.09.13

Apaixonei-me, por ela, naquela noite. A sua alegria era contagiante: não se levava a sério. Era mais velha do que eu (dois anos) chamava-me : miúdo. Para Joana (era o seu nome) o sonho era do tamanho do coração: do seu coração. A determinada altura da sua vida resolveu não partilhar nada com ninguém, dizia: "miúdo, os meus sonhos nunca pertencerão a ninguém". Percebi, naquele instante, que tinha de arriscar fazendo-a perceber que não era um (mais um) ladrão de sonhos, toquei na sua mão, suavemente, e pedi que partilhasse comigo o seu coração, os seus sonhos. Sorriu-me. Ela também sentia o que eu sentia. Olhou-me, fixamente, com aqueles olhos brilhantes e perguntou-me qual poderia ser o tamanho do seu sonho: beijei-a levemente nos lábios e respondi que o meu coração também era dela. Casámos um ano depois.

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publicado por caminhosdaalma às 09:42

Não deixem nada por dizer...

Segunda-feira, 02.09.13

"Não deixem nada por dizer, nada por fazer." Esta frase não deixou ninguém indiferente. Falava-se da morte, do fim. Será no fim da vida que nos devemos preocupar em morrer em paz, por nós e pelos outros?

Talvez devessemos pensar no dia a dia. O orgulho tolda-nos o descernimento, por vezes, zangamo-nos por tudo e por nada mas nunca imaginamos que na hora seguinte, no minuto seguinte podemos não ter tempo para fazermos as pazes, pensamos que temos tempo: tempo para a ofensa passar;tempo para esfriar a cabeça; tempo para ter tempo. Quando alguém se zanga, não imagina, não pensa que pode não voltar para pedir: desculpa.

Tenho por hábito sempre que vou trabalhar beijar os meu filhos. Tenho por hábito sempre que chego do trabalho beijar os meus filhos. Nunca sei se os vou ver quando voltar nem se vou acordar no dia seguinte. Quero deixar sempre um contacto, um beijo, para se lembrarem que, pelo menos, se despediram de mim. 

Tudo é tão efémero, tudo nos escapa por entre os dedos. Não controlamos nada embora pensemos que sim. 

"Não deixem nada por dizer, nada por fazer: todos os dias."

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publicado por caminhosdaalma às 00:08





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