O Tempo...
Com o tempo, que só contabilizamos quando acontecem situações que temos que fazer contas, deixei de ter vontade de escrever com alguma assiduidade. Poderia encontrar imensas razões por não o ter feito, por causa do trabalho, dos filhos, da vida, mas não, sei que não foi devido a estas razões embora tivessem peso. Também não foi devido à falta de inspiração, que por vezes aparece e muito menos por falta de assunto. Existem alturas que nos entristecem de tal maneira que não conseguimos transpor para o papel uma única palavra.
Dei-me conta, ontem enquanto conduzia, que estava assim, triste, há seis meses. Tive que contabilizar. Deixei-me ir, sem perceber.
Os sentimentos não desaparecem de um dia para o outro, e quando menos esperamos, desligamo-nos de algumas coisas que hoje não me parecem muito importantes. Deixei-me ir e fechei-me. Não gostei desta sensação de me fechar. Fechei-me para sofrer por dentro, e consegui que ninguém se apercebesse. No fundo só refletimos o que queremos. Os outros só sabem o que nós queremos que se saiba.
Acabou. Quando o amor acaba sem razão plausível, ficamos à espera de encontrar, no caminho, os motivos verdadeiros do fim e, muitas vezes, não existem razões, apenas acaba. Ficamos a pensar se nos enganámos, se nos enganaram, se procedemos bem ou não, e não vale a pena. Certo é, que as pessoas fogem, seja por medo, por falta de ambição ou mesmo por cobardia, mas ninguém foge por falta de amor.
Hoje acabou.
"O tempo é o melhor autor; sempre encontra um final perfeito."Charles Chaplin